quinta-feira, 5 de abril de 2012

Desafio 1 - A Laranja Falante

Queridos leitores, bom dia!

Esclarecimento: A história abaixo foi composta para o primeiro desafio entre meu grande amigo Dan Naka e eu. Como nós gostamos de escrever, achamos interessante a idéia de criar textos com temas diversos, com o propósito de nos divertir (enquanto escrevemos) e divertir vocês (enquanto lêem).
Tema: protagonista do texto é uma laranja falante.


Desafio 1 – A história da laranja falante

Outono – Fazenda Quent - Celeiro

- Blark! Blark, onde você está?
- Aqui, pai!
- O que você está fazendo? Porque você está carregando esse trator na mão?
- Ué, você não mandou trazer os tratores pra cá?
- Mandei, mas era pra vir dirigindo, e não carregando! E se alguém te vir fazendo isso?
- Ah, pai, relaxa! Ninguém vem aqui nesse fim de mundo. E mesmo que viesse, eu sou invulnerável, super-rápido e super-forte. Se alguém tentar alguma coisa, eu arrebento com um peteleco!
- Bom, você faça como achar melhor. Tô cansado de apanhar toda vez que você não concorda com alguma coisa. Ah, hoje é dia de colheita. Passei na plantação e as laranjas estão prontas.
Você pode fazer isso?
- Ah, pai, que saco! Hoje tenho um encontro com a Louisa Leine. Ela é a maior gata, e a gente tá saindo há quase dois meses! Acho que hoje me dou bem!
- Mas, filho, você não é super-rápido e tal? Então faz a colheita rapidinho... Nem vai te atrapalhar!

Blark considerou as possibilidades. Pensou em obrigar seu pai a fazer a colheita ele mesmo, pensou em ir embora com Louisa pra uma cidade maior e menos monótona, mas, por último, pensou em todas as mordomias que ia perder... Comida boa, casa arrumada, roupa lavada...

- Tá bom, pai. Eu faço a colheita. De boa.
- Obrigado, filho. Pode colocar as laranjas direto no container. Vou mandar direto pra Lou-Thor Sucos.

Um pouco antes de chegar à plantação dos Quent, havia um espaço com muitas árvores silvestres. Como Blark estava com tempo, resolveu dar uma relaxada.
Ao lado de um velho carvalho, começou a cavar. Em poucos segundos, com sua super-velocidade, estava fora do buraco (que tinha uns 3 metros de profundidade) com uma caixa de chumbo nas mão.
Ao abri-la, seus olhos já brilhavam. Lá estava seu equipamento especial de relaxamento: a seda, o triturador, e a canabis.
“Ah, Djimi, meu narcotraficante favorito!”

Djimi era um sul-africano que trabalhava como fotógrafo no jornal da cidade, mas que trouxe de seu país de origem conhecimento em plantas transgênicas.
Você deve entender que um fotógrafo freelancer ganha muito mal. Então Djimi precisou utilizar esse conhecimento para obter algum dinheiro extra.
Como vocês devem imaginar, a maconha normal não fazia efeito sobre Blark.
Então, Blark pediu que ele desenvolvesse uma variação de canabis transgênica que desse barato. E para isso precisou revelar sua vulnerabilidade. Precisou revelar sua fraqueza, a única coisa que, em grande quantidade, poderia matá-lo: tomates.

Blark sofria muito com esta fraqueza. Não podia ir a restaurantes italianos, não podia comer lasanha nem nenhum outro prato com tomates e, se alguém chamava uma pizza, ele corria o risco de desmaiar só com o cheiro!
Mas, como todos os heróis (ele gostava de pensar que era um, apesar de nunca ter salvo ninguém), ele encontrava maneiras de sobrepujar essa dificuldade.

E enfim, seu amigo Djimi conseguiu usar essa informação para fazer com que a canabis transgênica fizesse efeito em Blark. Na quantidade certa, o tomate não fazia tão mal e o deixava suscetível aos efeitos do THC.

Antes da colheita na fazenda, Blark deu um “tapa”. Ficou ali observando os pássaros, as flores, viajando...
Enquanto chegava mais perto da plantação de laranjas, ouviu uma voz.

- Cauéu! Cauéu! – chamava a voz
- Quem está aí?
- Aqui em cima, Cauéu!

Blark olhou para cima e viu que a voz parecia vir de uma das laranjeiras.

- Aqui onde? Não estou vendo.
- Aqui Cauéu.
- Nossa, eu devo ter exagerado no “bagulho”. Tem uma laranja falando comigo!

Mas, enquanto Blark gargalhava, a voz insistia:
- Cauéu, Cauéu, pare de rir! Precisamos conversar.
- Hahahahahaha! Você é uma laranja mesmo? E porque tá me chamando de Cauéu? Que doidera! Tô falando com uma laranja! Hahahahahahahaha.
- Em primeiro lugar, não sou uma laranja. Sou seu pai.
- O quê? Meu pai? Nossa, o Djimi deve ter errado nesse lote de bagulho. Que viagem nervosa que eu tô!
- Cauéu, preste atenção! Meu nome é Jo-éu e sou seu pai biológico. Não sou uma laranja, mas estou falando através dela.
Preste atenção meu filho. Você é o salvador desse mundo!
- Meu nome não é Cauéu, é Blark. Blark Quent. E seu nome é Joel? Bom, não podia esperar muito de quem fala através de uma laranja...
- Não zombe seu pai, moleque! E não é Joel, é Jo-éu! Com hífen, acento agudo e “u”. Seu nome de batismo é Cauéu! Eu preciso que você entenda!

Blark deu um longo suspiro. Ia ter que conversar com Djimi sobre aquele lote. Era melhor jogar tudo fora e fazer outro... “Bad trip” não rola...

- Tá bom, dona laranja Jo-éu! Fala aí o que você tem pra falar.
- Cauéu, você está destinado a salvar o mundo. A acabar com a corrupção, com os crimes, a ser um herói, um exemplo pra humanidade! Você deve...

Mas Blark não terminou de ouvir. Enquanto a laranja Jo-éu pai biológico falava, ele pensava numa forma de acabar rápido com tudo aquilo.
E, num movimento rápido, Cauéu pegou a laranja, espremeu com super-força e arremessou o que sobrou para muito longe.

Dez minutos mais tarde, Blark tinha terminado a colheita. Já estava tudo no container, embalado para ser vendido.

Naquele dia ainda, ele se encontrou com Louisa Leine e contou o que tinha acontecido.

- Mas, Blark, então ele queria que você salvasse o mundo? Que viagem doida! Mas por falar em futuro, o que você planeja pra nós?
- Bom, com minha super-força e minha super-velocidade, só tem uma coisa que posso fazer! Vou abrir uma empresa de demolição! A mais rápida do mundo!
- Nossa Blark, que idéia genial!
- É mesmo, não é? Vou demolir construções e limpar tudo tão rápido que não vai ter chance pra concorrência! E nós vamos poder ter a vida que sempre sonhamos, juntos, ricos e felizes!
- Ah, Blark! Estou tão feliz!

Depois de terminar seus estudos, Blark foi para a cidade grande com Louisa. Lá abriu sua tão sonhada empresa e ficou realmente rico.
Tiveram mais tarde um filho, chamado Conor Quent, que aos 10 anos apresentou complexo de super-herói.  

E todos viveram felizes para sempre!


RGS


Um comentário:

  1. ANIMAL..... simplesmente incrível...
    nunca que eu ia imaginar... gostei... tive idéias legais..kkk

    bom desenvolvimento... narrativa...
    kkkkk

    valeu pelo desafio!!

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